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Biografia dos Bispos

Dois universos distintos de povo caracterizam Mato Grosso: o indígena e o não indígena.

Os povos indígenas mato-grossenses, desde o começo da fase histórica da Colônia, sofreram perseguição, tendo desaparecido povos como os Aipáce, Guaráio, Maripejéi, Navarúte, Salamãi ou Sanamáika, Saváve, Tsúva. Pelos anos de 1950 os Beiço-de-Pau foram primeiramente atraídos com açúcar para depois serem dizimados com açúcar misturado com arsênico. Morreram então 17 beiço-de-pau. Entre 1963 e 1970, povos indígenas de Mato Grosso foram dizimados por doenças como: varíola, gripe, tuberculose e sarampo.

Dos prováveis 50.000 índios antes do contato com as sociedades colonial e nacional, restam hoje 22.500 índios. Hoje estão em processo de aumento. A FUNAI informa que há 9 grupos de índios isolados, isto é: ainda sem contato com a sociedade envolvente nos municípios de Apiacás, Aripuanã, Comodoro, Cotriguaçu, Juína.
O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) contabiliza 78 Áreas Indígenas: registradas – 43 (54%); sem providência – 13 (17%); a identificar – 13 (17%); homologadas – 6 (8%); declaradas delimitadas – 2 (3%); reserva ou dominial – 1 (1%).
Se os povos indígenas receberam proteção em leis, na verdade a mentalidade corrente progressista sempre foi contrária aos povos indígenas, sempre vistos como mão-de-obra barata e seus usos e costumes impedimento ao progresso das sociedades, suas terras como territórios vazios, improdutivos. Nos últimos dias franqueiam-se os estudos superiores aos povos indígenas e estes assumem, cada vez mais, posição na vida nacional.
Três vertentes migratórias formam o povo do Mato Grosso: a tradicional; a nova; a novíssima.

2.1 -A vida tradicional. O povo tradicional encontra-se no sul do Estado, fruto da história do Brasil Colônia e migrações provindas da região litorânea de São Paulo ao Pará. Vive a economia preponderante de subsistência ribeirinha.

Parte notável dessa sociedade nacional são os negros. A maior parte dos negros fez parte das expedições bugreiras paulistas e foi o sustento do trabalho braçal sob o regime da escravidão. Mesmo com a Lei Áurea, os negros são ainda marginalizados. Um tanto timidamente experimentam a organização da consciência negra.
Entre os negros, importa distinguir um grupo em Vila Bela da Santíssima Trindade, que por motivo de tornar a sede da Capitania de Mato Grosso habitada, foi alforriado por instrumento legal e educado para os serviços oficiais. Pela educação especial recebida desde os primeiros dias da Capitania de Mato Grosso, ainda hoje esse grupo de negros apresenta fina educação de natureza palacial e conserva fortemente os costumes tradicionais de origem negra.
2.2 - A vida nova. As migrações seguintes, a partir de 1943, trazem para Mato Grosso um universo procedente de regiões que vão de São Paulo ao Pará. Essas migrações trazem, em seu bojo, o reforço do capital monetário. A ebulição garimpeira, a especulação imobiliária, juntamente com a vinda de contingentes colonizadores mais numerosos deram a Mato Grosso tintas de desenvolvimento mais avançado, se bem que apenas incoativo, sem os apetrechos técnicos modernos. Os projetos de colonização favoreciam a exploração. Ofereciam grandes quantidades de terra sem dar a mínima condição de infra-estrutura.

2.3 - A vida novíssima. As migrações sulinas, a partir de 1974, trazem o ar novo de organização preestabelecida e compromissada com o desenvolvimento da Frente Agrícola. Entram em cena os migrantes do sul para Mato Grosso, estabelecendo Sinop, Alta Floresta e demais municípios do norte de Mato Grosso.

Em resumo: com raras exceções, a migração não se dá por progressão de continuidade, mas acontece por salto à distância de milhares de quilômetros, sempre em forma pioneira, exceto para os que vêm para a cidade.
As ondas migratórias, mesmo as novíssimas, são da primeira idade de ocupação, enfrentam o desconhecido da terra e do clima. Até hoje, é comum compensar as despesas dos primeiros dias de colonização com o abate indiscriminado de árvores, provocando o desequilíbrio ambiental.
O ambiente social é de primeiros dias de colonização, onde se suporta todos os tipos de problemas elementares da vida, começando pela construção de habitações precárias. Vive-se o ambiente de liberdade e partilha aconchegante, mesmo no agreste. Enquanto alguns núcleos humanos permanecem fechados, teimando em conservar os costumes das plagas de origem, outros experimentam a abertura aos vizinhos e ao mundo, partilhando experiências.
Em termos gerais, não aconteceu uma miscigenação, pois cada onda migratória fez a sua vida própria.
Experimentamos hoje a abertura de uma era mundial denominada pós-modernidade, um tempo de globalização, marcado pela nova tecnologia. Características desse tempo é a rapidez na comunicação, no transporte, na comercialização universal. O domínio político passa do campo para a cidade. Também uma movimentação migratória interna se intensifica campo-cidade, cidade-campo, cidade-cidade, campo-campo.

fonte: Diretrizes e Orientações Pastorais 2002 a 2004






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